Desde as épocas mais remotas, o homem sempre perscrutou os céus em busca dos mistérios da existência humana, pois a sentia estreitamente ligada ao cosmo. Os Babilónios já tinham cartas do Céu com as órbitas dos dois luminares, o Sol e a Lua.
Já os sacerdotes Caldeus, tinham um método astrológico rudimental, e faziam adivinhações estudando as doze constelações, apesar de não utilizarem o horóscopo individual, o condenando abertamente, especialmente se feito com fins lucrativos. As estrelas indicavam os acontecimentos da colectividade.
No entanto, o seu legado chegou até os Egípcios, Gregos, Persas e até a Índia. E todos estes povos estudaram a seu modo o céu, dando-lhes as características de suas próprias civilizações. Foram necessários quase três mil anos para que a astrologia passasse do plano impessoal àquele individual, e é neste momento que a astronomia e a astrologia, embora irmã, se separaram. No entanto, a astrologia se baseia na astronomia para fazer as suas deduções e a astronomia continua a utilizar conceitos e símbolos herdados da astrologia.
A tradição egípcia nos ensina que "o que está em cima é como o que está em baixo e o que está em baixo é como o que está em cima" (O Caibalion). Na Grécia, Pitágoras afirmava uma reciprocidade entre o Todo e o cosmo, e de conseqüência entre o Todo e o Homem. Os pitagóricos desenvolveram um pensamento que afirmava a existência de uma relação íntima entre a matemática e a música (a música das esferas). Este pensamento, se adaptado à astrologia, serviria para conciliar o princípio dos opostos de Eráclitus, com uma lei de movimento cíclico e com uma relação entre macrocosmo e microcosmo.
É sobre esta base que se formou a ideia da afinidade absoluta entre a vida no cosmo e o homem, (expressão da verdadeira harmonia universal), que é em si uma expressão da ideia do ritmo universal, esta música das esferas que de alguma forma ecoa no espaço ilimitado da vida individual.
Durante alguns séculos a astrologia foi se enriquecendo do pensamento de vários filósofos, como Pitágoras e Eraclitus, e também com aquelas de Platão e Aristóteles. No século II a.. C. Iparco contribuiu para a astrologia, constatando a precessão dos equinócios, a obliquidade da elíptica, a excentricidade da órbita solar, o para-eixo horizontal da lua, etc. Foi ele que, com as suas descobertas astronómicas e segundo o pensamento de Platão, segundo o qual cada fenómeno na terra estava em relação aos acontecimentos celestes e o físico do homem constituía uma reprodução dos modelos celestes, elaborou uma tabela com a ordem de correspondência entre os sectores zodiacais e as partes do corpo humano. Podemos dizer que aqui se encontram as ideias básicas da antroposofia e da cosmopatologia.
Os seus contemporâneos aprofundaram estas considerações, elaborando assim pela primeira vez as análises individuais de temas astrais para os indivíduos. Aqueles primeiros conceitos dos Caldeus se encontravam então enriquecidos e ampliados: os Judeus os aproveitaram na Kabalah e cada vez mais os Árabes os aprofundaram, dando origem a uma grande escola de astrologia.
Não poucos perigos se escondiam nas leis astrológicas que pareciam ir ao encontro de um total determinismo dos fenómenos, fazendo da astrologia uma 'lei matemática', com pouco espaço para o livre arbítrio individual. Além disso, já naquele tempo a astrologia começou a atrair pessoas pouco escrupulosas, e seja no mundo árabe que na Roma cristã, apareceram muitos aproveitadores que enganavam os ingénuos sem nenhum pudor.
Mas é também naquele tempo que surgiram estudiosos sérios, desejosos de ampliar o conhecimento astrológico para deixar um legado para a posteridade. Entre eles devemos destacar Claudius Ptolomeu. O Tetrabiblos por ele escrito, pode ser de fato considerado como o primeiro tratado científico de astrologia publicado no Ocidente. Ptolomeu reuniu nele de forma ordenada e sistemática todas as teorias e conceitos e também as experiências astrológicas da Babilónia, Egipto e Grécia. Foi ele que elaborou pela primeira vez a noção dos 'Regentes' dos signos astrológicos. Ele também reconheceu a importância do horóscopo individual, dando o pontapé inicial à astrologia da forma como nós a conhecemos.
A obra de Ptolomeu traz consigo as características daquela unidade entre o espírito e a natureza que foi o fundamento da filosofia grega e que somente após a morte de Alexandre Magno (323 a C.) começou a se desintegrar. O sincretismo filosófico e religioso, especialmente aquele da escola alexandrina, preparou o terreno para uma antiga filosofia que teve uma grande importância para o espírito humano: o neo-platonismo.
Entre os expoentes desta filosofia, destacaremos Platino (205-270 d.C) e Porfírio (233-304 d.C.), seu discípulo. Plotino ao se aprofundar no sincretismo filosófico-religioso, sentiu a harmonia do universo e reconheceu a correspondência entre "o que está em cima e o que está em baixo", uma lei universal entre o céu e a terra, indispensável para toda a compreensão da existência humana. Ao resgatar a astrologia, estes filósofos simplesmente mantiveram a hereditariedade do pensamento grego, impedindo a decadência da astrologia e integrando-a com o pensamento cristão reinante no mundo naquela época.
No entanto a astrologia sofreu varias ameaças ao longo dos séculos, sempre ressurgindo fortalecida, quando a humanidade passa por momentos de grande revoluções sociais. Devemos reconhecer o valor desta grande ciência quando verificamos que ao longo dos milénios, ela ressurge sempre evoluindo com o pensamento da humanidade, como que a demonstrar o valor indestrutível desta experiência milenar que faz parte da própria consciência e da existência de um corpo espiritual atemporal.
No ocidente, nos primeiros séculos de nossa era, (de 700 a 1100 DC) o interesse da astrologia era concentrado primeiramente nas suas relações com a doutrina cristã. No Oriente, no entanto, a astrologia continuou sua evolução para ampliar suas bases teóricas e sobretudo práticas. Em Constantinopla existia uma cadeira de Astrologia na Universidade. No mesmo período, o mundo islâmico contribuiu de forma notável para o desenvolvimento das ciências astrológicas. A partir da idade média, a astrologia precisou se adequar à evolução do pensamento e portanto acabou ressentindo as consequências do processo de transformação derivado do pensamento cristão que naquele período se espalhava no mundo ocidental. Neste período o aspecto entre astrologia e religião são interligados.
A partir de 1400 DC, as relações entre astrologia e religião começaram a enfraquecer, perdendo a sua importância e sendo substituídas pouco a pouco com teorias ligadas ao desenvolvimento das ciências naturais. Apesar de parecer que o Renascimento seja a época do florescimento da luz em relação ao obscurantismo da idade média, ele iniciou de fato a queda rápida da autêntica espiritualidade cristã. O Humanismo, de fato, acabou abrindo um abismo entre a ciência e a fé, apesar de proclamar a reconciliação entre a natureza e o espírito. Neste período aconteceu o descobrimento da América por Cristóvão Colombo e a substituição do sistema universal geocêntrico de Ptolomeu pelo sistema heliocêntrico de Copérnico (1472-1543), que revolucionou as antigas concepções geográficas e astronómicas.
Portanto era de se esperar que essas grandes mudanças influenciassem também a astrologia. No entanto, ainda não havia acontecido uma verdadeira ruptura entre a astronomia e a astrologia, que eram ensinadas, juntas, em várias Universidades da Europa. Neste período, os grandes estudiosos desta época tentaram dar à astrologia uma conotação científica, por causa dos critérios racionais que agora prevaleciam. Na realidade, esta mesma conotação científica acabou favorecendo aos opositores da astrologia, já que ela não conseguia explicar nos termos da ciência positiva as visões tradicionais dos conceitos cosmológicos. As imagens simbólicas tinham valor somente se expressas por espíritos eleitos como São Tomás de Aquino ou Dante, ou mesmo pelos Mestres de Charles e outros místicos da época, mas perdiam o sentido se comparados com a linguagem científicas e realista da época.
È neste período que surge na Itália, o génio incomparável de Leonardo da Vinci (1452-1519). Leonardo não ignorava o conceito dos antigos filósofos de que o 'Homem é um universo em miniatura" mas, para chegar a uma visão unitária da Criação Divina que pudesse ser satisfatória seja para o estudioso que para o artista, ele precisou buscar o equilíbrio perfeito entre ciência e arte. A harmonia universal reflectida num céu estrelado não havia passado despercebida ao seu olhar de pesquisador. Estudando o tratado astronómico de Ptolomeu ele conseguiu ter uma ideia precisa daquela frase hermética "o que está em cima é como o que está em baixo", ou "o microcosmo é como o microcosmo".
Na criação da "Ultima Ceia" (fresco que se encontra na Igreja de Santa Maria dele Grazie em Milão, Itália), Leonardo tinha a intenção de reproduzir, segundo suas palavras, "a cosmografia do microcosmo em doze figuras", assim como Ptolomeu havia dividido o céu em doze partes, demonstrando doze variações da natureza humana que representavam cada uma as suas particulares características permitindo distinguir com precisão a sua diversidade.
Conforme o conceito dos "Quatro Elementos", Terra, Fogo, Água e Ar, Leonardo dividiu os Apóstolos em quatro grupos, de três figuras cada uma, colocando-os nos dois lados da mesa, onde Jesus, no centro, reina absoluto, já que ele cor responde ao Sol de nosso sistema solar.
Ao apóstolo Simão, por exemplo, é atribuído o signo de Carneiro, estando ele sentado na 'cabeceira' da mesa do lado direito do fresco. Tadeu representa o signo de Touro, e Mateus o signo de Gémeos, e assim seguem todos até o final. Vemos com particularidade que o signo de Balança é atribuído a João, sentado do lado direito de Jesus (a esquerda no fresco) e a Judas (que está derramando o saleiro) é atribuído o signo de Escorpião. Por fim vemos que Bartolomeu, ao qual é atribuído o signo de Peixes, é o último e o único a ter seus pés descobertos. Desta forma Leonardo, representou a união entre o divino e o humano, que constitui a essência própria do cristianismo.
Esta obra inspirada em conceitos cosmológicos não é comparável com nenhuma outra, apesar de encontrarmos em todos os lugares, palácios ou igrejas, estas analogias e representações dos signos astrológicos, das constelações, das estrelas etc., que sempre inspiraram os artistas da época.
A partir deste período, a arte do século seis e sete pareceram ignorar ou quase estas representações, à medida que a humanidade era amplamente influenciada pelas ciências naturais que relegavam pouco a pouco a astrologia à simples esfera das artes divinatórias.
Fonte Wikipédia
Na minha opinião, o passado, presente e o futuro da Astrologia, misturam-se e dependem de todos os Astrólogos, em não permitir que esta linguagem sagrada se transforme numa simples esfera de artes divinatórias ou numa grande fonte de desunião, onde as ferramentas de actuação social são as mesmas que orientam os esquemas sociais, porque como todos os que estudam e aprofundam a Astrologia, sabem que o sucesso e os créditos sociais têm correspondência com a nova cultura da terra, porque em tudo o que é velho e já não faz falta é feita a limpeza necessária.
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